segunda-feira, dezembro 15, 2025
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Carteiro que trabalha de moto pode ter aposentadoria especial, decide Justiça Federal

Uma decisão recente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) trouxe uma importante vitória para carteiros que trabalham utilizando motocicleta. Por unanimidade, a Justiça reconheceu que esse tipo de atividade pode ser considerado trabalho especial, garantindo acesso a regras mais vantajosas de aposentadoria no INSS.

O entendimento reforça que o uso habitual de motocicleta no trabalho expõe o profissional a riscos constantes, como acidentes de trânsito, quedas, esforço físico excessivo e condições climáticas adversas, o que justifica maior proteção previdenciária.

Trabalho de moto é perigoso e gera direito previdenciário

No caso analisado, ficou comprovado que o carteiro realizava entregas diárias de motocicleta, enfrentando trânsito intenso, ruas mal conservadas, calor, chuva e metas rigorosas.

A decisão se baseou em documentos oficiais, como o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) e um laudo pericial judicial, que confirmaram a periculosidade e a penosidade da atividade.

Segundo o tribunal, não é necessário que a profissão esteja listada expressamente nos decretos do INSS. O que importa é a realidade do trabalho exercido, especialmente quando há risco permanente à integridade física do trabalhador.

Entregas, trânsito intenso e esforço constante pesaram na decisão

O acórdão destacou que o trabalho do carteiro motociclista vai muito além de pilotar a moto. A rotina inclui:

• sucessivas paradas no trânsito;
• descer e subir do veículo diversas vezes;
• carregar encomendas e correspondências;
• deslocamento a pé em alguns trechos;
• cumprimento de rotas e prazos rígidos.

Essa dinâmica, somada ao tráfego urbano intenso, transforma a atividade em um trabalho arriscado, desgastante e prejudicial à saúde, caracterizando atividade especial para fins previdenciários.

INSS tentou barrar o direito, mas perdeu

O INSS tentou negar o reconhecimento, alegando falta de previsão legal e ausência de provas suficientes. Também pediu a suspensão do processo por conta de um tema em análise no STJ.

Todos os argumentos foram rejeitados. Para o TRF3, a prova documental era clara e suficiente, demonstrando que o carteiro esteve exposto de forma permanente a riscos reais, o que garante o enquadramento como tempo especial.

A decisão também reforçou princípios constitucionais como a dignidade da pessoa humana, o valor social do trabalho e a vedação à proteção insuficiente do trabalhador.

Benefício foi concedido com efeito retroativo

Com esse entendimento, a Justiça reconheceu como tempo especial o período trabalhado entre 29/09/2003 e 04/09/2007 e determinou que o INSS conceda a aposentadoria por tempo de contribuição, com início em 19/02/2022.

Decisão beneficia outros carteiros e trabalhadores de moto

Essa decisão abre caminho para outros carteiros, motoboys e profissionais que usam motocicleta de forma habitual no trabalho. Desde que seja possível comprovar a exposição aos riscos por meio do PPP e demais documentos, é possível buscar o reconhecimento do tempo especial no INSS ou na Justiça.

Cada caso deve ser analisado individualmente, mas o recado do Judiciário é claro: o risco do trabalho em motocicleta não pode ser ignorado pela Previdência Social.

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