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Erros que fazem o auxílio-acidente ser negado pelo INSS e como evitar

O auxílio-acidente do INSS é um benefício indenizatório criado para amparar o trabalhador que, após um acidente de qualquer natureza, fica com sequelas permanentes que reduzem sua capacidade para o trabalho habitual.

Apesar disso, milhares de pedidos são indeferidos todos os anos, não porque o segurado não tenha direito, mas porque o requerimento é feito no momento errado, com documentos inadequados ou com provas que não atendem ao que o INSS realmente exige.

Entender os erros mais comuns é essencial para aumentar as chances de concessão do benefício.

O que o INSS realmente exige para conceder o auxílio-acidente?

Antes de falar nos erros, é importante compreender os requisitos legais do benefício, previstos na Lei nº 8.213/1991.

O INSS exige, de forma cumulativa:

  • Qualidade de segurado na data do acidente ou dentro do período de graça

  • Ocorrência de acidente, inclusive fora do trabalho

  • Consolidação das lesões, ou seja, fim do tratamento principal

  • Sequela permanente

  • Redução da capacidade para o trabalho habitual, ainda que o segurado continue trabalhando

Se qualquer um desses pontos não estiver bem comprovado, o pedido tende a ser negado.

Erro 1: Pedir auxílio-acidente como se fosse auxílio-doença

Esse é o erro mais frequente.

Muitos segurados ainda estão em tratamento ativo, com dor aguda, cirurgias pendentes ou fisioterapia intensa, e pedem auxílio-acidente, quando o correto seria o benefício por incapacidade temporária.

Resultado comum:
Indeferimento por lesão não consolidada ou ausência de sequela permanente.

Como evitar:
O auxílio-acidente só deve ser pedido após a estabilização do quadro, quando o médico puder afirmar que restou limitação definitiva, mesmo com o fim do tratamento principal.

Erro 2: Pedir cedo demais, sem consolidação da lesão

A consolidação da lesão é o ponto-chave do auxílio-acidente.

Enquanto o perito entende que o quadro está em evolução, o INSS costuma registrar:

  • Ainda em tratamento

  • Prognóstico incerto

  • Possibilidade de recuperação

Isso ocorre com frequência em casos como:

  • Fraturas recentes

  • Cirurgias ortopédicas recentes

  • Lesões ligamentares com cirurgia indicada

Como evitar:
Aguardar o momento em que o médico assistente consiga afirmar, de forma expressa, que houve consolidação e restaram sequelas permanentes.

Erro 3: Não provar a redução da capacidade para o trabalho habitual

O auxílio-acidente não é pago apenas pela existência de sequela, mas sim pela redução da capacidade para o trabalho habitual.

Erros comuns:

  • Levar apenas exames e diagnósticos

  • Não explicar qual é a profissão

  • Não demonstrar o impacto da sequela nas tarefas do dia a dia

  • Confundir “capacidade para trabalhar” com “capacidade para o trabalho habitual”

Mesmo quem retorna ao trabalho pode ter direito ao auxílio-acidente.

Como evitar:
Demonstrar claramente o antes e depois do acidente, explicando:

  • Limitações físicas

  • Dor persistente

  • Necessidade de adaptação

  • Redução de produtividade

Erro 4: Levar apenas atestados genéricos

Atestados simples, que apenas indicam CID e afastamento, têm pouco peso para o auxílio-acidente.

O INSS valoriza relatórios clínico-funcionais, com:

  • Histórico do acidente

  • Tratamentos realizados

  • Limitações objetivas

  • Data de consolidação

  • Sequelas permanentes

  • Impacto funcional no trabalho

Como evitar:
Solicitar ao médico assistente um relatório detalhado, com foco funcional, e não apenas diagnóstico.

Erro 5: Não juntar documentos do acidente e da fase inicial

Sem documentação do evento, o INSS pode questionar a própria existência ou a cronologia da lesão.

Erros comuns:

  • Ausência de prontuário de emergência

  • Falta de exames iniciais

  • CAT não emitida em acidentes de trabalho

  • Falta de boletim de ocorrência, quando existente

Como evitar:
Organizar uma linha do tempo completa, desde o dia do acidente até a estabilização.

Erro 6: Problemas no CNIS e perda da qualidade de segurado

Mesmo com sequela comprovada, o benefício pode ser negado por questões administrativas, como:

  • Falta de contribuições

  • Perda da qualidade de segurado

  • Autônomo que deixou de recolher

Como evitar:
Conferir o CNIS antes do pedido e analisar se há período de graça ou necessidade de regularização.

Erro 7: Não provar que a sequela é permanente

O INSS costuma negar quando entende que:

  • A limitação é temporária

  • Existe chance de recuperação completa

  • Os documentos são contraditórios

Como evitar:
Apresentar laudo médico conclusivo, afirmando que a sequela é definitiva, com base no tempo de evolução e nos tratamentos já realizados.

Erro 8: Acreditar que exame “normal” afasta o direito

Exames de imagem com poucas alterações podem ser usados contra o segurado se não houver prova funcional.

Como evitar:
Complementar com:

  • Relatórios de fisioterapia

  • Avaliações funcionais

  • Descrição detalhada da limitação prática

O que fazer se o auxílio-acidente for negado

Após a negativa, é fundamental:

  1. Ler o motivo exato do indeferimento

  2. Corrigir o ponto fraco da prova

  3. Reunir novos laudos funcionais

  4. Avaliar recurso administrativo ou ação judicial

Muitos indeferimentos são revertidos quando o pedido é reorganizado estrategicamente.

O auxílio-acidente é um benefício técnico, que exige prova específica, momento adequado e documentação organizada.
A maioria das negativas ocorre por erro no pedido, e não por ausência de direito.

Buscar orientação especializada pode ser decisivo para evitar erros, corrigir falhas e garantir o benefício.

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