O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, conhecido como FGTS, é uma das principais políticas públicas de proteção ao trabalhador no Brasil. Criado para oferecer segurança financeira em momentos de vulnerabilidade, o sistema se tornou parte essencial da vida laboral, movimentando bilhões de reais anualmente em contas vinculadas e sustentando importantes programas de habitação e infraestrutura do país.
Apesar de ser amplamente citado no cotidiano, muitos trabalhadores ainda desconhecem exatamente como o FGTS funciona, quem tem direito, como os depósitos são feitos, em que situações o saque é permitido e qual o impacto desse fundo na proteção social.
Esta matéria explica, de forma clara e baseada na legislação, tudo o que você precisa saber sobre o FGTS.
O que é o FGTS?
O FGTS foi instituído pela Lei n.º 5.107/1966, posteriormente substituída pela Lei n.º 8.036/1990, e tem como objetivo proteger o trabalhador demitido sem justa causa. Ele funciona por meio de contas individuais administradas pela Caixa Econômica Federal, onde o empregador deposita mensalmente um percentual calculado sobre o salário do trabalhador.
O fundo também possui finalidades sociais importantes, financiando programas de:
• habitação
• saneamento básico
• infraestrutura urbana
Assim, além de servir como reserva financeira para o trabalhador, o FGTS movimenta setores estratégicos da economia brasileira.
Como funciona o FGTS?
O funcionamento do FGTS é simples, mas envolve regras específicas.
Depósitos mensais
Os empregadores devem depositar 8% do salário bruto do trabalhador na conta vinculada ao FGTS. Para aprendizes, o percentual é reduzido para 2%. O depósito deve ocorrer até o dia 7 de cada mês.
O trabalhador não contribui diretamente com o FGTS; a responsabilidade é integralmente do empregador.
Quem tem direito ao FGTS?
O FGTS é devido aos trabalhadores:
• com carteira assinada
• temporários
• avulsos
• rurais
• domésticos
• atletas profissionais
Servidores públicos celetistas também estão incluídos.
Correção monetária e juros
O saldo do FGTS é atualizado com:
• Taxa Referencial (TR), que atualmente está próxima de zero
• juros de 3% ao ano
Esse modelo gera rendimento baixo, o que tem sido alvo de críticas e debates judiciais sobre eventual revisão.
Para que serve o FGTS?
O FGTS tem dupla função:
1. Proteger o trabalhador
Em situações como demissão sem justa causa, aposentadoria, doença grave, entre outras hipóteses de saque.
2. Financiar políticas públicas
Recursos do fundo são usados pelo governo federal para programas sociais importantes, principalmente no setor habitacional.
Situações em que é possível sacar o FGTS
A lei prevê várias hipóteses de saque. As principais são:
Demissão sem justa causa
O trabalhador recebe todo o saldo disponível e o empregador paga multa de 40% sobre o total depositado.
Aposentadoria
O saque é liberado quando o trabalhador se aposenta.
Doenças graves
Como câncer ou HIV, conforme regulamentação.
Compra da casa própria
É possível usar o FGTS para:
• entrada
• amortização
• liquidação de saldo devedor
• parte do valor das prestações
Falecimento do trabalhador
Os dependentes ou herdeiros têm direito ao saque.
Inatividade da conta por 3 anos
Para trabalhadores afastados do regime FGTS.
Saque-aniversário
Modalidade opcional que libera parte do saldo anualmente, porém impede o saque integral em caso de demissão sem justa causa, exceto a multa.
O que é a multa de 40% do FGTS?
Quando o trabalhador é demitido sem justa causa, o empregador paga 40% do total de depósitos realizados durante o contrato, atualizados monetariamente. Esse valor é um instrumento de proteção social diante da perda inesperada de renda.
Qual o impacto do FGTS na vida do trabalhador?
O FGTS influencia diretamente a estabilidade financeira do trabalhador. Seus principais efeitos são:
Reserva de emergência obrigatória
Serve como fonte de recursos em momentos críticos, como desemprego ou doença.
Apoio à aquisição de moradia
O FGTS é uma das principais formas de viabilizar o acesso à casa própria no Brasil.
Estabilidade compensatória
A multa de 40% visa mitigar o impacto econômico da demissão sem justa causa.
Impacto limitado pela baixa rentabilidade
Embora seja seguro, o FGTS rende pouco, o que reduz o poder de compra do trabalhador ao longo da vida.
Fiscalização e penalidades
Empresas que deixam de depositar o FGTS estão sujeitas a:
• multas administrativas
• encargos
• ações trabalhistas
• cobrança judicial
O trabalhador deve acompanhar seus depósitos pelo aplicativo FGTS e exigir sua regularização.
Perguntas comuns sobre o FGTS
O FGTS pode ser penhorado?
Em regra, não, devido ao seu caráter alimentar. Exceções podem ocorrer para pagamento de pensão alimentícia.
Posso movimentar contas inativas?
Sim, em algumas situações legais, como saque-aniversário, saque extraordinário e outras previstas em legislação específica.
